quinta-feira, 19 de março de 2015

Crescimento emocional e espiritual.




Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser 

milho para sempre! 

(Rubem Alves)





Assim acontece com a gente. 

As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo. 

Quem não passa pelo fogo, fica do mesmo jeito a vida inteira. 

São pessoas de uma mesmice e uma dureza assombrosa. 

Só que elas não percebem e acham que seu jeito de ser é o melhor jeito de ser.




Mas, de repente, vem o fogo. 

O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos: a dor. 

Pode ser fogo de fora: perder um amor, perder um filho, o pai, a mãe, perder o emprego ou
 ficar pobre. 

Pode ser fogo de dentro: pânico, medo, ansiedade, depressão ou sofrimento, cujas causas
 ignoramos. 


Há sempre o recurso do remédio: apagar o fogo! 

Sem fogo o sofrimento diminui. Com isso, a possibilidade da grande 

transformação também. 


Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro cada vez mais quente, 
pensa que sua hora chegou: vai morrer. Dentro de sua casca dura, fechada em si mesma, 
ela não pode imaginar um destino diferente para si. 

Não pode imaginar a transformação que está sendo preparada para ela. 

A pipoca não imagina aquilo de que ela é capaz. 

Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo a grande transformação acontece: BUM! 





E ela aparece como uma outra coisa completamente diferente, algo que ela mesma nunca 
havia sonhado. 

Bom, mas ainda temos o piruá, que é o milho de pipoca que se recusa a estourar. 

São como aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente, se recusam a mudar. 

Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem. 




A presunção e o medo são a dura casca do milho que não estoura. 

No entanto, o destino delas é triste, já que ficarão duras a vida inteira. 

Não vão se transformar na flor branca, macia e nutritiva. Não vão dar alegria para ninguém.

Extraído do livro:  "O amor que acende a lua" de Rubem Alves

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